Adoção de boas práticas de aplicação e a escolha de produtos adequados contribui para a saúde e o desempenho do plantel
A cistoisosporose suína é uma patologia entérica, causada pelo protozoário intracelular da família Eimeridae. Várias espécies desta família pertencentes ao gênero Isospora sp. e Eimeria sp. são encontrados em suínos, no entanto, o Cystoisospora suis é o principal agente responsável pelas perdas causadas pela doença.
A cistoisosporose suína é uma das protozooses que mais afeta os leitões na maternidade, agindo de forma endêmica pelo mundo, sendo prevalente na suinocultura brasileira, apesar de toda a tecnificação existente na atividade. Por ser altamente influenciada pelas condições ambientais, os surtos podem ocorrer em qualquer época do ano, porém, são mais comuns no verão e outono, uma vez que altas temperaturas e umidade favorecem a esporulação dos oocistos. Além disso, desenvolvem-se em até três dias, resultando no acometimento de outros animais de forma rápida e endêmica.
Tal doença, por ocasionar diarreias, acomete fortemente o desenvolvimento de leitões, principalmente na segunda e terceira semanas de vida, o que leva a um déficit no ganho de peso e interfere no desempenho produtivo desses animais. Além disso, a coccidiose causa prejuízos econômicos significativos, tanto pelo aumento na taxa de mortalidade dos leitões, como pela redução do ganho de peso, conversão alimentar inadequada e gastos com medicamentos. Os animais adultos também são acometidos, mas geralmente são portadores e apresentam a forma subclínica, fato que favorece a disseminação dos parasitas, ao contaminar o ambiente, água e alimento.
A literatura aponta que a principal forma de infecção para os leitões acometidos pela cistoisosporose são as fezes de leitões infectados com oocistos de lotes anteriores, que permaneceram viáveis no piso das instalações após limpeza e desinfecção deficientes.
Portanto, dentre as principais medidas para controle e prevenção da coccidiose estão os protocolos de limpeza e desinfecção das instalações. De acordo com Sotiraki et al., (2008), reduzir a contaminação local por meio de uma limpeza completa, com utilização de água sob alta pressão e detergente apropriado, é um método eficaz para prevenção e até mesmo para o retardamento de infecções iniciais em leitões, além de diminuir a incidência da doença em animais que já foram infectados. Durante a limpeza na maternidade, as fezes e a parte úmida da cama dos leitões deve ser retirada e, enquanto isso, é recomendado que os leitões sejam colocados em uma caixa sob fonte de calor.
Ainda tratando do processo de limpeza, a utilização de detergentes exerce efeito significativo na probabilidade de uma granja ser positiva para o cistoisosporose (LEYTON et. al., 2011; STINGELIN, 2017). Isso ocorre porque a eficácia dos detergentes na prevenção da cistoisosporose está diretamente relacionada à sua capacidade de eliminar os oocistos, estágio infectante do parasita, presentes no ambiente. Porém, é importante ressaltar que a escolha do detergente adequado e sua correta aplicação são fundamentais para garantir os melhores resultados na prevenção da cistoisosporose suína.
Além disso, devido ao fato de que na indústria suinícola, onde a densidade populacional e o contato próximo entre os animais favorecem a transmissão de doenças, a utilização de desinfetantes adequados desempenha um papel fundamental na manutenção da saúde e do bem-estar dos suínos.
No entanto, é essencial pontuar que, apesar de os processos de limpeza e desinfecção desempenharem um papel crucial no controle da coccidiose, não podem ser consideradas atividades isoladas, tornando-se mais efetivas quando combinadas com altos níveis de biosseguridade nas granjas.
Utilização de desinfetantes para prevenção da coccidiose
Os desinfetantes são produtos químicos projetados para eliminar microrganismos patogênicos presentes no ambiente, incluindo vírus, bactérias, fungos e protozoários como os responsáveis pela coccidiose.
Cada ativo desinfetante pode atuar de diferentes maneiras para eliminar os microrganismos patogênicos. Alguns desinfetantes funcionam danificando a membrana celular dos microrganismos, causando vazamento de conteúdo intracelular e, eventualmente, levando à morte celular. Outros podem interferir nos processos metabólicos dos microrganismos, inibindo sua capacidade de reprodução e crescimento.
A maioria dos desinfetantes utilizados na suinocultura não possuem ação coccidicida comprovada, entretanto, é essencial selecionar aqueles testados e aprovados contra os agentes causadores da coccidiose, garantindo assim resultados satisfatórios na redução da carga parasitária ambiental.
Para assegurar a eficácia dos desinfetantes na prevenção e controle da coccidiose em suínos, é importante seguir algumas boas práticas de aplicação:
- Escolha do produto adequado: selecionar desinfetantes comprovadamente eficazes contra protozoários, como os agentes causadores da coccidiose. Consultar um médico veterinário ou especialista em saúde animal pode ajudar na escolha do produto mais adequado às necessidades específicas da granja.
- Limpeza prévia: antes da aplicação do desinfetante, é essencial realizar uma limpeza completa das instalações suinícolas para remover sujidades, matéria orgânica e biofilme que podem reduzir a eficácia do produto.
- Aplicação correta: seguir as instruções do fabricante para diluição e aplicação do desinfetante, garantindo uma cobertura uniforme em todas as superfícies e áreas de contato frequente dos suínos.
- Tempo de contato: permitir o tempo de contato adequado entre o desinfetante e as superfícies tratadas, conforme recomendado pelo fabricante, para assegurar a máxima eficácia na eliminação dos microrganismos patogênicos.
- Monitoramento contínuo: realizar monitoramento regular da eficácia do programa de desinfecção, avaliando a redução na ocorrência de casos de coccidiose e ajustando as estratégias conforme necessário.
Conclusão:
O uso de desinfetantes desempenha um papel crucial na prevenção e controle da coccidiose em suínos, ajudando a reduzir a carga parasitária no ambiente e minimizando os riscos de infecção e disseminação da doença. Ao adotar as boas práticas de aplicação e selecionar produtos adequados, os produtores podem melhorar significativamente a saúde e o desempenho de seus rebanhos, contribuindo para a sustentabilidade e a rentabilidade da indústria suinícola.
Gustavo C. Paschoalin, Analista técnico de aplicação da Lanxess Biosecurity Solutions.
Referências:
ALVES CABRAL, A. Q.. Carga parasitária e desempenho de leitões em baias na maternidade submetidas a diferentes protocolos de limpeza diária. Monografia, Uberlândia, 2019.
CAROZI, F. C. et. al.. Coccidiose em suínos – revisão de literatura. In: Brazilian Journal of Development, Curitiba, v.8, n.5, p.34630-34638, 2022.
GOSLING, R. J.. A review of cleaning and disinfection studies in farming environments. Livestock, Vol. 23, No. 5, 232-237, 2018
LEYTON, A. A., FRIENDSHIP, R., DEWEY, C. E., TODD, C., PEREGRINE, A. S.. Isospora suis infection and its association with postweaning performance on three southwestern Ontario swine farms. Journal of Swine Health and Production. v. 19, n. 2, p. 94-99, 2011.
SOTIRAKI, S.; ROEPSTORFF, A.; NIELSEN, J. P.; MADDOX-HYTTEL, C.; ENOE, C.; BOES, J.; MURREL, K. D.; THAMSBORG, S. M. Population 59 dynamics and intra-litter transmission patterns of Isospora suis in suckling under on-farm conditions. Parasitology. v. 135, p. 395-405, 2008.
STINGELIN, G. M.. Protocolos de utilização de Toltrazuril para o controle da coccidiose em leitões naturalmente infectados. Dissertação, Botucatu, 2017
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